Como no restante do Brasil, existem mestres na Amazônia que não alcançaram esse título no ambiente acadêmico. São mestres porque obtiveram esse reconhecimento na comunidade onde vivem, por possuírem um conhecimento único, quase sempre adquirido empiricamente, colecionado ao longo do tempo e amadurecido pela vivência e pela sensibilidade. Esses mestres não são professores por formação, tampouco cientistas, muitos não sabem nem mesmo ler e escrever, mas transmitem seus conhecimentos no cotidiano, através da oralidade, e são referências em determinado conhecimento popular.
São artesãos, músicos, poetas, canoeiros, parteiras, benzederias, mateiros, erveiras, enfim, são mestres da cultura popular. Figuras centrais para as comunidades onde vivem, mas fora dela pouco reconhecidos.
Não é à toa que para adquirir a formação de médico ou de farmacêutico são necessários anos de estudo e constante pesquisa e atualização. Esses profissionais lidam com a vida das pessoas, e qualquer procedimento equivocado pode causar grandes danos à saúde da população. Quem lida com um tipo de medicina conhecida como popular e com a manipulação de fitoterápicos, por outro lado, são grandes alvos de críticas por não terem tido a mesma formação institucionalizada dos médicos e farmacêuticos.
Embora órgãos oficiais da Saúde e o próprio Conselho Federal de Farmácia já reconheçam o valor e a eficácia de determinados remédios e tratamentos naturais e do conhecimento popular que tradicionalmente os utiliza, uma parte considerável da população não só não acredita como denigre a imagem de quem acredita e utiliza desse conhecimento popular.
Para uma reflexão sobre o saber popular
O que se pretende – e este texto pretende ser uma instigação à reflexão – é que, para realizar um debate democrático sobre o tema, é necessário abertura e respeito por conhecimentos que têm origens diferenciadas, mas cada qual com seu valor.
O conhecimento popular, geralmente de origem tradicional (mas nem sempre), pode apresentar riscos (como no caso da medicina popular) por não serem submetidos ao rigor científico? Sim. Mas o que dizer dos erros médicos? É preciso também ter uma postura crítica diante do conhecimento científico, que não é soberano como muitos acreditam.
A mesma postura crítica deve ser aplicada em relação aos que detêm o conhecimento institucionalizado para fazer comunicação ou arte. Afinal, sabemos que os que fazem comunicação e arte alternativa e/ou popular são alvos de muitas críticas, entre elas a de que não podem ser consideradas comunicação de qualidade ou arte/cultura verdadeiras, legítimas.
Se ambas as formas de conhecimento têm seus valores, práticas que visem à união (de forma que uma complemente a outra) são muito mais produtivas do que práticas de oposição, de divergência e de negação do saber que é diferente (e não necessariamente inferior).
Para saber mais:
Matéria sobre novos fitoterápicos na rede pública de saúde (revista Pharmacia Brasileira - Setembro a Dezembro 2009) - http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/123/31a34.pdf
Para saber mais:
Matéria sobre novos fitoterápicos na rede pública de saúde (revista Pharmacia Brasileira - Setembro a Dezembro 2009) - http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/123/31a34.pdf
Fitoterápicos – Presidente do Conselho Federal de Farmácia questiona Drauzio Varella. Médico responde - http://www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/2010/08/24/fitoterapicos-presidente-do-cff-questiona-drauzio-varella-medico-responde/
Texto: Élida Cristo
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